quarta-feira, 2 de junho de 2010

Agricultura irrigada pode ampliar renda em R$ 400 mi

02/06/2010


Nos últimos dez anos, a agricultura irrigada passou de 8,9% para 17% de participação na produção do Estado
Agricultura com cultivo protegido para frutas e hortaliças tem grande potencial para expandir no Estado, a exemplo de experiências já praticadas 
DIVULGAÇÃO
Fortaleza. O Ceará possui grande potencial para expandir o setor de agricultura irrigada, ampliando a oferta de produtos e gerando mais empregos. Com cerca de 20 mil hectares de terras com estrutura e condições para desenvolver o setor, será possível gerar, de médio a longo prazos, R$ 400 milhões de renda a mais, tanto no fortalecimento de culturas já existentes quanto na produção de novos produtos. A afirmação é do ex-secretário de Agricultura Irrigada do Estado, Carlos Matos, feita durante palestra no Encontro do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense (Agropacto). O evento ocorreu, ontem, no auditório da Superintendência do Banco do Brasil.

Atualmente, o Estado do Ceará ocupa o segundo lugar no ranking nacional de exportação de frutas, assumindo o posto antes ocupado por Pernambuco, só perdendo agora para a Bahia. Mas ele acredita que o setor pode ser expandido não apenas pensando no mercado externo, incrementando produtos de consumo endógeno.

"A produção de leite com pasto irrigado, a agricultura de cultivo protegido para hortaliças, culturas como abacate e maracujá têm grande potencial para avançar no Ceará, pensando inclusive na melhora de oferta de produtos para o mercado interno", ressalta.

Potencial

De acordo com dados da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), enquanto a agricultura de sequeiro, mais dependente das condições climáticas, reduziu sua participação na produção agrícola global (com redução de 33% para 21% de 1999 a 2009), a agricultura irrigada expandiu sua inserção produtiva de 8,9% para 17% no mesmo período.

Com relação a geração de empregos, os dados apontam que o setor conseguiu gerar, nos últimos dez anos, em torno de 20 mil empregos diretos.

"Havendo investimento, ainda é possível gerar, até 2030, outros 20 mil empregos diretos. Agora, para que o setor possa desenvolver este potencial e ter competitividade, é preciso que haja uma articulação de políticas públicas e participação do setor privado, além de investimentos na área de inovação, que permitam dar segurança aos empreendimentos".

Carlos Matos aponta as regiões dos perímetros irrigados Baixo Jaguaribe e do Baixo Acaraú como as de melhores condições para a expansão da agricultura irrigada no Estado. "São as que apresentam boa estrutura, cobertura em termo de recursos hídricos, em especial com a inauguração do Açude Taquara".

Com relação a culturas novas que podem ser desenvolvidas no Estado do Ceará, destaca-se a produção de morango na região da Ibiapaba (onde há um polo de produção de flores ornamentais), por conta das condições climáticas favoráveis. Também já existem iniciativas no cultivo de aspargos numa área próxima do Município de Aracati, se guindo o exemplo do Peru, que vem se destacando na produção de aspargos.

Hoje, contrariando as limitações naturais, o Estado se evidencia como o maior exportador de rosas do Brasil, contribuindo com 63,6% da produção nacional, contra 20,8% de São Paulo e 15,6% de Minas Gerais. Além disso, o Ceará é referência na produção de melão, manga, abacaxi, melancia e banana.

Sustentabilidade

Questionado sobre a série de matérias publicadas pelo caderno Regional, sobre os conflitos provocados pelo uso abusivo de defensivos agrícolas no Vale do Jaguaribe e a comprovação de haver alimentos com nível de agrotóxicos acima do permitido pela legislação, Carlos Matos limitou-se a defender o uso responsável desses produtos.

"Seria precipitado emitir um parecer sobre se deve ou não proibir o uso, mas acredito que deve haver ações rápidas e efetivas para evitar prejuízos à segurança alimentar. Os produtores responsáveis sabem que seus negócios precisam ter sustentabilidade. Assim, o uso controlado de agrotóxicos, dentro do permitido pela legislação, é uma pauta atual e presente no Brasil e no exterior", afirmou.

Terras

20 mil hectares de terras existem no Ceará com estrutura e condições para desenvolvimento da agricultura irrigada em médio e longo prazos, aumentando a renda gerada pelo setor

MAIS INFORMAÇÕES
Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense (Agropacto)
http://www.agropacto-ce.org.br
Fortaleza-CE

Fonte: Diário do Nordeste - Karoline Viana/Repórter

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