
Foto: KID JÚNIOR
ITAPAJÉ
A arte brota da terra e dos sonhos
Rainha do Norte. Capital Cearense do Bordado. Recanto dos Flamboyants. No sopé na serra e em meio ao sertão, Itapajé sobrevive da terra e vive da arte, que encanta, vira presente singular, faz sorrir ou dá água na boca
Do alto da serra, o Frade de Pedra abençoa Itapajé, na região Norte do Ceará. E parece presentear a cidade com a luz e a brisa refrescante das noites e, em especial, com centelhas de talento ao povo do lugar para vencer os desafios do sertão inclemente. A terra fértil propicia o cultivo da banana, que enche de verde as encostas e oferece matéria-prima para a arte em fibras em formatos diversificados e cores vivas para cada criação.
Em prece, a sertaneja artesã agradece, lançando um olhar para o alto. Nas suas mãos habilidosas, a criatividade não tem limites. Brota como sonhos, alimenta a auto-estima e ajuda no sustento da família. É um dom de Deus. Hoje, fazer arte é parte de sua vida. Não dá para deixar de lado. Seria sucumbir, fazer cessar a criação, em que a natureza é a inspiração ou mais que isso: fonte inesgotável para surgir o utilitário, o decorativo, o lúdico.
A fibra da bananeira se transforma em arte, mas é o bordado que enfeita Itapajé há dezenas de anos. O ofício é hereditário, passa de mão em mão, numa corrente de beleza infinita, onde as mulheres são o elo de talento, enquanto os homens, em minoria, se vergam à criação feminina. Ainda são coadjuvantes. Não por acaso, a cidade ganhou o título de Capital Cearense do Bordado.
No passeio por Itapajé para apreciar e consumir a arte em bordado ou em fibra da bananeira, o viajante trafega entre sobrados do início do século passado, vê a arte refletida na veia poética do filho ilustre do lugar, Quintino Cunha, ou no som harmonioso dos poucos artistas de rua.
Em igrejas seculares na sede ou nos distritos, o visitante sente a fé bater mais forte no coração ante as peregrinações em louvor ao padroeiro São Francisco de Assis ou a Nossa Senhora da Penha. A “sustança” ao corpo para as andanças pelo lugar é garantida pela culinária peculiar da região, uma reunião harmoniosa de iguarias que enche de prazer o paladar e o espírito.
Fonte: Diario do Nordeste (2/1/2009)
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